O Campeonato Brasileiro de Natação Paralímpica, que acontece, de 25 a 27 de outubro, em São Paulo, vai contar com oito representantes do Distrito Federal. Todos viajam pelo Compete Brasília. O destaque da delegação é o nadador Wendell Belarmino Pereira, que conquistou em 2019, em sua primeira participação nos Jogos ParapanAmericanos de Lima, seis medalhas e no Mundial Paralímpico, em Londres, três pódios.
“Consegui baixar todos os meus tempos durante o ano. Consegui bater quatro recordes ParapanAmericanos, ser campeão mundial nos 50m livre, entre outras conquistas. Estou bem feliz com os resultados. Não comecei do jeito que eu queria, mas estou terminando o ano melhor do que eu esperava. Mudei de classe logo no primeiro semestre e passei por um período de adaptação. A partir de dezembro, nós começamos o nosso trabalho para os Jogos de Tóquio”, avalia o nadador, de 21 anos, de Sobradinho.
Divulgação/SEL
No primeiro semestre, Wendell Belarmino saiu da classe S12 para S11, que significa na prática a necessidade de utilizar os óculos vedados. Na competição, em São Paulo, ele disputa as provas de 400m livre, 100m costas, 50m livre, 100m borboleta, 100m livre, 100m peito e 200m medley. “Hoje eu gosto igualmente de todas as provas. Antes eu gostava mais de nadar medley, 50m livre, mas agora não tenho uma preferida”, completa o atleta, que treina no Centro de Excelência da Universidade de Brasília (UnB), beneficiado também com o Bolsa Atleta, outro programa da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL).
Com ascensão meteórica, o jovem virou referência entre o grupo da natação de Brasília. “Eu fico muito feliz quando os colegas falam que eu sou uma inspiração para eles”, disse. Ele conheceu a natação ainda pequeno quando estudava no Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais. Aos seis anos, investiu no hipismo e, após quatro anos, retornou definitivamente para a natação. O espírito competitivo, admite, o impulsionou a participar dos primeiros torneios. Em umas dessas oportunidades, conheceu a equipe do professor Marcus Lima.
“Há cinco anos, quando eu conheci o Wendell, ele ainda não havia desenvolvido habilidades necessárias para execução dos quatro nados, mas eu vi um potencial. O interessante é que eu também não tinha as habilidades necessárias para treinar um deficiente visual para o esporte de alto rendimento, até então. A troca de conhecimentos foi mútua desde o início. Ele me ensinava a forma como ele via a vida. A partir dessa perspectiva, fomos desenvolvendo as habilidades para a natação”, relembra o seu treinador, mais conhecido como Marcão.
Ao longo dos anos, a dupla desenvolveu uma relação de muita cumplicidade, respeito e amizade. Com a evolução desse trabalho dentro da piscina, está se aproximando o maior desafio do esportista: representar o Brasil nos Jogos de Tóquio. “Reconheço no Wendell hoje qualidades físicas e emocionais de um atleta profissional. A maior alegria é ser parte do sonho dele, um atleta com deficiência visual que se manteve firme desde o início e confiante durante esses anos. Além de tudo, ele trouxe visibilidade para o esporte paralímpico no DF”, completa.
A equipe que viaja pelo Compete Brasília conta ainda com:
Fabrício Amorim (classe S6): 50m livre;
Lucas Niccolas (S13): 200m medley, 400m livre, 100m peito, 100m livre, 100m borboleta, 100m costas e 50m livre;
Gabriel Alves (S14): 200m livre, 100m costas e 200m medley;
Giulia Gabriele (S8): 400m livre, 50m livre, 100m livre, 100m costas e 100m borboleta;
Elcio Cunha (S11): 50m livre, 400m livre, 200m medley, 100m peito e 100m costas;
Aline Vasconcelos (S7): 50m livre, 100m livre e 100 peito;
Larissa Nakabayoshi (S12): 50m livre, 100m livre, 400m livre e 100m costas.